Numa réstia de noite…
Dois corpos entrelaçados volatilizam-se…quase parados…
Aquele exíguo rectângulo, agora acalorado pelo momento, era um infinito explorado em cada superfície.
Dois vultos desgovernados diluíam os limites da gravidade estouvada pelo espaço.
As mãos incautas, exaustas, desafiavam todos os interiores. Desconfiavam todos os pudores. E poderes.
As bocas alternavam na procura mútua dos oxigénios que sustentassem cada investida pela pele.
Os suores fecundos ardiam na carne já rasgada pelas garras do êxtase.
As ancas agrediam-se. Agradavam-se. Gradavam o desconhecido na morfologia do espasmo.
A cada investida, os sexos confundiam-se com as línguas. Mortas nas palavras, exultadas nos olhos, exaltadas nos gritos que adormeciam os tímpanos.
Já não haviam nem peitos nem costas nem pernas nem braços nem faces. Ou corações…só nos pulmões se cadenciavam as demandas daquelas promíscuas privações encadeadas. Encandeadas.
Já se harmonizavam os esgares.
Já se orquestravam as dores.
Já se molhavam as cores.
Já se bebiam odores.
Já choravam em mares…
Todos os olhares convergiam num denso breu de harmonias imaginárias e galopantes. Murmúrios furtivos que escandalizavam os paradigmas do estar. Do chegar ali. Naquela modorra tão avessa, tão líquida, tão espessa de vagas derramantes na trasfega dos egoísmos partilhados por um só ínfimo de algo que os desprendesse à razão oculta.
Finalmente, o tudo. O Amor precipitado na condensação condenada à sublimação das gotas escorridas pelo cansaço resgatado ao segredo. A fertilidade espalhada por cada um dos sentidos. Os sentidos perdidos por cada um dos medos. Os medos ganhos a cada um dos beijos. Os beijos anulados a cada milésimo, quase a cada segundo…
Numa réstia de madrugada…
Finalmente…
Um só corpo imóvel…arfava no chão gelado.
Dois corpos entrelaçados volatilizam-se…quase parados…
Aquele exíguo rectângulo, agora acalorado pelo momento, era um infinito explorado em cada superfície.
Dois vultos desgovernados diluíam os limites da gravidade estouvada pelo espaço.
As mãos incautas, exaustas, desafiavam todos os interiores. Desconfiavam todos os pudores. E poderes.
As bocas alternavam na procura mútua dos oxigénios que sustentassem cada investida pela pele.
Os suores fecundos ardiam na carne já rasgada pelas garras do êxtase.
As ancas agrediam-se. Agradavam-se. Gradavam o desconhecido na morfologia do espasmo.
A cada investida, os sexos confundiam-se com as línguas. Mortas nas palavras, exultadas nos olhos, exaltadas nos gritos que adormeciam os tímpanos.
Já não haviam nem peitos nem costas nem pernas nem braços nem faces. Ou corações…só nos pulmões se cadenciavam as demandas daquelas promíscuas privações encadeadas. Encandeadas.
Já se harmonizavam os esgares.
Já se orquestravam as dores.
Já se molhavam as cores.
Já se bebiam odores.
Já choravam em mares…
Todos os olhares convergiam num denso breu de harmonias imaginárias e galopantes. Murmúrios furtivos que escandalizavam os paradigmas do estar. Do chegar ali. Naquela modorra tão avessa, tão líquida, tão espessa de vagas derramantes na trasfega dos egoísmos partilhados por um só ínfimo de algo que os desprendesse à razão oculta.
Finalmente, o tudo. O Amor precipitado na condensação condenada à sublimação das gotas escorridas pelo cansaço resgatado ao segredo. A fertilidade espalhada por cada um dos sentidos. Os sentidos perdidos por cada um dos medos. Os medos ganhos a cada um dos beijos. Os beijos anulados a cada milésimo, quase a cada segundo…
Numa réstia de madrugada…
Finalmente…
Um só corpo imóvel…arfava no chão gelado.
18 comentários:
passei por cá pa te deixar um beijo incomum...
http://apenaseueosmeusbotoes.blogspot.com/
Pois é meu caro... quem escreve assim não será gago mas deixará muita gente a gaguejar. Não será mudo mas fica muita gentinha sem palavrinhas nas bocas devassas. Devasso, sê maior que a devassidão.
E OUTRO abraço. Dos nossos. ( Nem penses que me levas nesse abraço ao chão gelado ). ;-)
Lido de um só fôlego.
Ufaaa
:-)
ci, realmente...incomum (a tua passagem ;)
companheiro dos ceus, o meu gaguejo confunde-se muito com o gargarejo do gargalhar da tua própria devassidão (o resto são só palavras 8e chão morno ;)
cara damularussa,
se foi lido, já é de admira, de um só folego então...whatever :)))
ja podes voltar ja n dou dentadas...:)eh eh eh
beijos incomuns
estou fora....passo a correr para te deixar uma asa...e agradecer...A.
um barco cheio deles....Bjos.
Y.
Encantada com as palavras escritas, deliciada com as palavras lidas…
Tenho sede de mais letras vindas da mesma fonte!
Fica Bem!
B’jinho
já voltei, ci, e se puder hei-de ficar lá um bocadinho a ver se isso das "não-dentadas" se confirma...
Y, tambem eu estou fora, o que me permite entrar nestas coisas um bocadinho e embracar nessas tuas águas aladas de bjs e retribuidas na espuma corrente das voltas ocasionais :)
pois fica sabendo, burrita, que estás perante uma fonte inquinada (pelo veneno das torrentes descontinuadas no tempo :)
fiquemos então bem
É dificil comentar a genialidade do que escreves, só dá para repetir adjectivos... estupidamente repetidos por mim. GENIAL.
Grande abraço, sempre um prazer.
é difil responder-te assim, big...
tal como tu, repito-me (mas estupidificado)
OBRIGADO
o abraço repartido no teu
Eu também não deixo de me repetir, quando consigo sequer comentar... fazes-me lembrar gente de que gosto - sei que não te ofendeu o facto de me lembrares a Irritadinha (grande malvada, já a topei).
Tal como no texto anterior li-te de um folego só, mas mais, li-te em voz alta e hoje lembraste-me a força das palavras de José Carlos Ary dos Santos.
Definitivamente, GOSTO DE TI, OUTRO!
Beijo da gata
nanny, só o adiantado da hora - e o consequente cansaço - justificará tamanha simpatia para esta minha pessoa...então a menina relembra a irritadinha e o "monstro" ary dos santos através de mim? mais que inundado de baba, sinto-me injustiçado (por também ser um admirador de ambos e não os gostar ver "comparados" com Outros:)
definitivamente, gosto de ser gostado
;)
Gelidamente... sensual!
(brrr... que arrepio... acho melhor agasalhar-me...)
;)
Belo texto....
Um bom fim de semana para ti...
:o)) e um bj**
Quando de dois corpos só um resulta, e as almas se transmutam, é o sinal mais claro da vida.
Generosidade confusa, que faz o introvertido sair da sua caixa de sapatos, e liberta-se, para o mundo.
O sorriso cosido pela linha amarga e grosseira da tristeza e males passados, presentes num futuro de reclusão, solidão insolidária (não existe, mas hoje não quero saber de dicionários) , não satisfatória das tarefas estafadoras (também não existe, e que se lixe) solicitas mas egoístas num mundo à parte onde só o abandono reina e a degradação é o alimento da alma.
Lembras-te da linha de que falei? Lembraste sim, tens boa memória. Quanto o supérfluo é superado, podado, queimado… sabes o que surge? Uma leveza de alma, preenchida pela sensação, única, de plenitude – rara e por isso mesmo tão preciosa – é regada com lágrimas de alegria, uma alegria que não tem explicação, que só nos resta aproveitar. Essas fantásticas lágrimas adornadas com um sorriso luminoso e sincero, fazendo um ângulo de 90º com um espírito renascido, dá como força resultante uma força nula, essa força nula é a alegria. Ou a ti a alegria pesa? Não pesa, pois não? E se pesa em que balança a pesaste? Se ela pesa… é porque não é pura… tem umas impurezas que um bom coador, chamado optimismo, tira num instante…
A dita linha negativa é cortada quando dois corpos se tornam um só, e as almas de cruzam, sempre que o nosso corpo se cruza realmente com a vida – não o viver num mundinho interior de sentido único e de saída imperceptível – e alma da pessoa viva se cruza com a alma da vida. Uma pessoa pede hibernar, é verdade, pode hibernar psicologicamente, pode até morrer psicologicamente, e só um encontro com a própria vida pode devolver essa pessoa à vida… E o sexo dessa pessoa mistura-se com o sexo da vida. E não me digas que a vida não tem sexo, ou eu pergunto-te se és irmão de JC…
Desta vez não precisas de me perguntar a quem se dirige este texto. Eu digo. Não se dirige a ninguém, é apenas uma – quiçá – patética descrição de como estou actualmente, mas ainda que patética é realista. Em abono da verdade, sinto agora que a escrita não é essencial, bem antes pelo contrário, é algo extremamente acessório, que esteve apenas associada a uma fase extremamente vazia da minha existência, por isso fico agora em definitivo a apreciar os mestres, e tu és um deles.
Assim aqui ocorre aqui a última aparição da Irritadinha, cuja existência já não faz sentido, tanto da Irritadinha como de qualquer uma das minhas personagens (Gracindo Ameixa, Alzira do PVC e João P. Pereira).
Agora vamos ao puxão de orelhas, voltas a meter o nome da minha personagem ao lado do nome do Mestre Ary, e dizes que ficas babada – ou lá o que seja – e levas uma cabazada de porrada, entendidos, ou tenho de voltar à terra das amendoeiras em flor? Ai o menino…
Como não tenho falado consigo, venho aqui deixar este belo rol de palavras, sabes o que me tem feito companhia? Pois não sabes mas eu respondo. Wonderful World de James Morrison, o tipo é fantástico, tenho de ir esta semana ao Chiado arranjar o cd do tipo, as músicas são... Tu logo aprecias a qualidade, também não posso dizer tudo, ora essa!
Vemo-nos onde? No SLB-PSG? Ahahahaha
Bêjinhe
Só um? Cadê o OUTRO?
Vil, andas aqui meu desgraçado!!
Atenção, atenção ai vem o comentário de merda: mas quem é que com o frio que tá se deita no chão? (sem-abrigo não conta!)
andei a ler....a re.ler.
e algus textos são absolutamente
"demolidores"....
de tão belos....
bom dia. A.
______________________/piano.
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