segunda-feira, 20 de outubro de 2008

«Que dessa conclusão aparece as saudade de soslaio. Espreita mas de costas, a traiçoeira. Cospe mas de nada. É voraz mesmo de quem nunca viu.»

Escondo-me. Começou por tudo, e agora vai ali. Devagar. De vagar. A vagar.

Sangra. Sangue que corre. Escorre. Acorre e entra. Acorrenta. Serpenteia por entre os momentos que entorna. Adorna. Adormece tão profundo como a dor. Tão fundo como o amor. Esquece o movimento e torna a eternizar o esquecimento. Vinga-se e zanga-se. Zomba e dança onde o dia se apaga. Afaga. A luz. Limpa-se da pureza. Putrefacto, nutre o facto de se olhar. E pasmar. Repete-se. Repele-se. Mergulha em busca de ar. Respira lá. Inspira aqui onde ambos elevamos a ânsia. Na distância.
Na falta.
Na cura.
Onde calha. Encalha e respira. Inspira. Anseia. Revolve e revolta a tormenta. Torna. Toma cada gota como a última. Ultima e mata. Tenta e tenta-se. Antecede a calma por reveses repentinos e reveza-se nos turnos. Taciturno, vai-se escolhendo sem as alternativas que sempre espreitaram. Atrás. De si, só aguenta o ruído. Rói-se. Rói por que dói. Mói os restos de poeira que turvam a escolha.
Olha.
Outro a vagar…devagar.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

«Brilham as vértebras duma espinha que se atravessa no ténue fio que queremos esticar até à deformação do comprimento.»

Cumprimento. Mas sem saudar.

As filhas das falhas. Folhas de…compostas imaginações. Estilhaços arrumados nos laços que se espalham por um ar denso demais para estar quieto. Tão parado como a ocasião que foi esquecida pela percepção do ontem. Amanhã a manhã lá estará quase virgem nas névoas secas e mornas. Será sempre na volta da sinuosidade quebrada que as chagas se prenderão às cegas. Segue. Segue até estreitar e espreita. Cada tempo que agradece ao espaço de cada vez que se perdem alegremente nas dimensões erróneas da culpa. Perdoam-se mas não se abraçam. Abraçam-se mas não se negam. Negam-se sem nunca agredir aquilo em que mentem.

A única mentira. Jaz no silêncio. Acorda a calma. Acalma. Em paz se expande. Agreste, assobia nas estepes quase sólidas da solidão delapidada. Mais que bruta, torna-se brutal na doçura que inflige. Impõe-se pelas intenções falhadas. As filhas das falhas…

quarta-feira, 23 de maio de 2007

(t)em tempo(s)

(Desafiado por Just me...AQUI)

Example

Nesse lacrimejar de ódio vão-se confundindo as cores. Remisturadas num REMOINHO DE ILUSÕES que turbilha as emoções e as funde no fino véu dos gritos imaginados. E calados. Jazem caídos de todas as memórias, gastas a cada golpe tentado, fortes a cada tentativa golpeada pela raiva daquilo que afinal nunca será. Mais que tu ou eu, há um nós que parece nunca ter respirado todo o anil. Sem o fel condensado num branco puro, mas agreste. Alvo, mas pérfido…

Example

…na espuma vã dos apegos, o que me contas não são segredos. São degredos. São decretos. E nas ondas daltónicas dos sentidos, aguardo embalado e adormecido pelos SONS QUE BRILHAM DA NOITE. Sem pressas, porque a angústia amadurece melhor no marasmo e floresce na aurora do silêncio…

Example

…ao lembrar-me de estar suspenso e sustentado nas ténues linhas do carinho, sorri e inspirei todas as PALAVRAS QUE RESPIRAM NO PENSAMENTO. Balanço-me furiosamente sem medo da queda. “Daqui o melhor que me pode acontecer é esquecer”, penso enquanto torço o torso, agora extenuado e já sedento de uma cumplicidade por demais desejada “Serás fêmea. Serás minha”. Mais uma vez aguardo pendido…mas não rendido…

Example

…com a transparência da espera, finco os pés na corrente do tempo que me falta. Perante aquele escarlate desfocado em ambas as retinas, resta-me arrancar um pedaço de luz, diluir-me e espalhar UM BEIJO SABOREADO A TODOS OS VENTOS.

(talvez se consigam reunir de novo todos os propósitos que dividiram o espectro cromático de um início volátil)

segunda-feira, 2 de abril de 2007

«E depois chega a luz das coisas, por fagulhas atreitas a queimaduras de graus recuperáveis em faixas alvas e desengorduradas.

Dói a pele, mas não o nervo.»

Assim se quedam os gestos na brusquidão ocasional.
A vida chora as dores passadas, nunca as futuras. Anda não há esse tempo nem essa vontade…nem essa verdade.
Dos tempos alguns restam momentos nenhuns.
A alegria transforma-se em alergia (e alegre…mente).
Rasga-se a realidade e decanta-se o real da idade. Faz-se o mesmo à insanidade para cantar a insana idade (ao canto do canto).
Os gritos outrora aflitos tornam-se agora feitiços mestiços, e ariscos em ambas as formas.
Assim me torno indefeso em defesa de me tornar…a mim…

Assim...

ENJOY THE SILENCE


Words like violence
Break the silence
Come crashing in
Into my little world
Painful to me
Pierce right through me
Can't you understand
Oh my little girl

All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm

Vows are spoken
To be broken
Feelings are intense
Words are trivial
Pleasures remain
So does the pain
Words are meaningless
And forgettable

All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm

(sempre o meu…nunca o vosso…por enquanto…)

sexta-feira, 16 de março de 2007

«Tudo muito próximo da transparência vítrea que, muito provavelmente, se desvia em padrões quase regressivos, mas certamente rectos.»

Os padrões! Em tantas cores transparentes se vislumbram opacidades sinuosas. Silhuetas sismadas e sisudas que se fincam em parasitismos simbióticos e por demais benévolos. É na rectidão que se entortam os comportamentos usados, provados, mas nunca regredidos na…certa...mente. De esguelha esgalhadas no tempo, seguem as falhas como filhas da memória (tão amadas por isso mesmo, tão beijadas quanto ausentes, tão desejadas quanto assíduas na existência daquilo que se tenta ser…e é-se tentado a ser)

São raras as queratinas que se querem quedadas pela história das penas. E voltam, como na volta de um odor envolvente que inebriou num passado sempre presente, na sua forma mais indicativa ao infinito futuro.

Com recursos bocais, vingam cada derrota, vergam cada déspota vigente, variados em deliberações finais. Juízos! Juízes em causa vãs. Deuses agnósticos de si próprios. Avessos a fés internas. Incrédulos nas vezes que se ajoelham nos milagres que esperam crer. Cabisbaixos, se vão rezando os revezes e revezando nas vezes falhadas pela certeza do meio…que nem sempre fim…alcançado….almejado pela inanidade de uma alma tão fugaz como a própria morte. Parece que perece, nos momentos de encher o peito de qualquer coisa que encha aquele nada que contrai.

(Respiremos…que a fuga nem sempre tem de ser arejada pela força, e muito menos pela forca)

É rápido? Então ´bora lá…

Este outro desafio é lançado por just_me alguém que não se contentando em ser só si própria, ainda resolve tentar que outro o seja também. Ora cá vai:

JOGO RÁPIDO DE RESPOSTAS:

01- Quem você admira?
(antes demais, não gosto muito que me tratem por você, portanto começamos mal)
Admiro muita gente, mesmo muita gente a sério (e não me apetece individualizar, pode ser?)
02- O que faz nas horas vagas?
Acho que esta está respondida só pela resposta a este desafio…
03- Característica que mais gosta em você?
(outra vez esta do você?!? Mau…) O humor e saber guardar um segredo
04- Defeito?
O feitio (é sem dúvida o meu maior defeito…ainda que não necessariamente negativo)
05- O que não suporta nos outros?
Falsidade
06- Um medo?
O cancro
07- Uma lembrança de infância?
Brincar só de calções no mato que nem um tarzan
08- Uma mania?
Falar
09- Uma viagem inesquecível?
Cataratas do Iguaçú
10- Um homem bonito fisicamente?
Brad Pitt
11- Uma mulher bonita fisicamente?
A minha
12- Livro de cabeceira?
A causa das coisas
13- A canção da sua vida?
São muitas que eu praticamente respiro músicas…mas se tem mesmo de ser: Black (Pearl Jam)
14- Sou péssimo em?
Falar de mim
15- Sou bom em?
Fazer rir
16- Passo este desafio a…
Ninguém

7 (logo a seguir ao 6 e mesmo, mesmo, antes do 8)

Aqui fica um Big desafio ao qual tentarei responder com a agudeza da esquina de um 7 (“tentarei” disse eu, mas não prometo nada que isso é uma das coisas que não faço bem…)


7 coisas que faço bem:
- não prometer (ora lá está! Prometer é sempre algo difícil de cumprir e eu gosto de cumprir)
- doce de ovos (uma massa uniforme e pastosa, sem ser demasiadamente sólida)
- arroz doce (doce e com um creme resultante dee uma hora a mexer sem parar)
- avaliar gente (normalmente não me engano, e quando isso acontece, fico um bocado aflito…porque não é suposto enganar-me)
- ouvir (acho que oiço bem)
- judiarias (expressão esta utilizada em lembrança das minhas avós, que recorrentemente me acusavam de ser “judeu” as hereges! – um beijo lá para ambas, que não sabiam ler e também não acredito que no Céu tenham aprendido... por isso estou à vontade)
- argumentar (mas sem discutir)
7 coisas que não faço ou não sei fazer:
- discutir (é-me muito difícil discutir na acessão negativa da palavra)
- trair a confiança de alguém (por isso é que não gosto que confiem em mim, é um peso demasiado pesado e definitivo para aguentar)
- dizer algo que não penso ou sinto (prefiro estar calado e passar por antipático)
- ofender alguém (claro que ofendo “superficialmente” árbitros e condutores, mas é só “superficialmente”)
- guardar rancor (esqueço-me muito das coisas, feliz ou infelizmente)
- acordar cedo (não sei, pronto!)
- responder a desafios que pretendam revelar-me
7 coisas que me atraem no sexo oposto:
- a voz
- sentido de humor descomplexado
- a beleza interior (seja lá - e tudo - o que isto signifique)
- o sorriso
- ser do sexo oposto
- a sensibilidade
- o facto de ser casada comigo
7 coisas que digo frequentemente:
- fonix!
- porra!
- se faz favor
- obrigado
- salvo seja!
- amigo
- querida
7 actores/actrizes:
- Brad Pitt
- Robert Deniro
- Nicolau Brayner
- Al pacino
- Helen Hunt
- Michelle Pfiffer
- Kimberly Chambers


(já está! E não passo a ninguém…”não faças aos outros o que não gostas que façam ao outro”)

quarta-feira, 7 de março de 2007

«São tantas as vontades de conseguir, finalmente, a resolução…

…das matérias importantes, que depressa se vai a circulação pulmonar dos sangues oxigenados pela quietude dos aurículos em melodias compassadas por ventrículos que, não sendo ventríloquos, sempre auxiliam outros murmúrios sussurrantes em sonoros silêncios.»



and so it is
just like you said it would be
life goes easy on me
most of the time
and so it is
the shorter story
no love no glory
no hero in her skies
i can't take my eyes off of you
and so it is
just like you said it should be
we'll both forget the breeze
most of the time
and so it is
the colder water
the blower's daughter
the pupil in denial
i can't take my eyes off of you
did i say that i loathe you?
did i say that i want to
leave it all behind?
i can't take my mind off of you
my mind'til i find somebody new

the blower's daughter (Damien Rice)

De repente a noite…

Um escuro que se torna tão agressor como o frio (ou a dor).
Sumindo o corpo em fomes estranhas, em faltas rápidas.
Interpretações abruptas que violentam a calma, emprenham a letargia pelo seu flanco mais frágil. Melancolicamente deixa-se contaminar cada palavra pelo descanso do sorriso. Engorda a tristeza até rebentar em esperança, tal como o Amor no ventre de uma Mulher.
São aquelas faces em descanso extremo que se desenham dentro do escuro…dentro da certeza do que é amar…incondicionalmente…amar.
Um abraço. Tão verdadeiro e definitivo como o meu abraço. Aquele abraço…sempre …sempre…

(dedicado só a ti, Tristeza, que tentas consumir os restos sem passar de uma ilusão a vibrar repetidamente em melodias desfeitas nas membranas selectivas que filtram tudo o que não se consegue conter no olhar…está na hora…de olhar)

domingo, 4 de março de 2007

«Entre a variância das letras finais…

…terminam as dúvidas que questionam a matemática das coisas geometricamente esfumadas, num tempo em que raramente ocorrem fenómenos raros, concorrendo, entretanto, para um resultado amorfo na igualdade pela grandiosidade solidária entre amores rasgados pela multiplicidade da divisão. Ou será pela subtracção adicionada? Também não interessa, já que as aritméticas se urdem em fogos-fátuos, não em fumos factuais.»



When I look into your eyes
There's nothing there to see
Nothing but my own mistakes
Staring back at me

[this text is played backwards]
Everything has to end, you'll soon find, we're outta time, left to watch it all unwhind
Everything falls apart, even the people who never frown eventually break down
Everything has to end, you'll soon find, we're outta time, left to watch it all unwhind
Everything falls apart, even the people who never frown eventually break down
[end backwards talk]

I've lied
To you
This is the last smile
That I'll fake for the sake of being with you
(Everything falls apart, even the people who never frown eventually break down)
(Everything has to end, you'll soon find, we're outta time, left to watch it all unwhind)
For sake of being with you
(Everything falls apart, even the people who never frown eventually break down)
The sacrifice is never knowing

Why I stayed with you
Just push away
No matter what you see
You're still so blind to me

[more backwards talk]

I've tried
Like you
To do everything you wanted to
This is the last time
I'll take the blame for the sake of being with you
(Everything falls apart, even the people who never frown eventually break down)
The sacrifice of hiding in a lie
(Everything has to end, you'll soon find, we're outta time, left to watch it all unwind)
The sacrifice is never knowing

Why I stayed with you
Just push away
No matter what you see
You're still so blind to me

Reverse psychology's failing miserably
It's so hard to be, left all alone
Telling you is the only chance for me
There's nothing left but, to turn and face you
When I look into your eyes, there's nothing there to see
Nothing but my own mistakes staring back at me
Asking why...
The sacrifice of hiding in a lie (why)
The sacrifice is never knowing

Why I stayed with you
Just push away
No matter what you see
You're still so blind to me
Why I stayed with you
Just push away
No matter what you see
You're still so blind to me

(Linkin Park - P5hng Me A*ay)


Não é a expressão…
Não é o coração…
Não é o esgar…
Não é o altar…
Não é a idade…
Não é a verdade nem a vontade…
Não é o estar…
Não é o olhar…
Não é o momento…
Não é o arrependimento…
Não é o alento…
Não é o traço…
Não é o embaraço…
Não é o corpo:
Fino e absorto
Não é o grito (aflito)
Não é a dor,
Nem o amor
Não é a melodia…
Não é a apatia…
Não sou eu…
Não são outros…
Não somos nós…

Não é a voz…

É a raiva... e é atroz!

(You were just like me with someone disappointed in you)

domingo, 25 de fevereiro de 2007

«É tão curto, tão próximo, tão meticuloso que raramente deixa a infinidade do lato quase senso. Não é comum, mas sente.Sente-se.Senta-te.Ali ficamos»

Numa réstia de noite…

Dois corpos entrelaçados volatilizam-se…quase parados…
Aquele exíguo rectângulo, agora acalorado pelo momento, era um infinito explorado em cada superfície.
Dois vultos desgovernados diluíam os limites da gravidade estouvada pelo espaço.
As mãos incautas, exaustas, desafiavam todos os interiores. Desconfiavam todos os pudores. E poderes.
As bocas alternavam na procura mútua dos oxigénios que sustentassem cada investida pela pele.
Os suores fecundos ardiam na carne já rasgada pelas garras do êxtase.
As ancas agrediam-se. Agradavam-se. Gradavam o desconhecido na morfologia do espasmo.
A cada investida, os sexos confundiam-se com as línguas. Mortas nas palavras, exultadas nos olhos, exaltadas nos gritos que adormeciam os tímpanos.
Já não haviam nem peitos nem costas nem pernas nem braços nem faces. Ou corações…só nos pulmões se cadenciavam as demandas daquelas promíscuas privações encadeadas. Encandeadas.
Já se harmonizavam os esgares.
Já se orquestravam as dores.
Já se molhavam as cores.
Já se bebiam odores.
Já choravam em mares…
Todos os olhares convergiam num denso breu de harmonias imaginárias e galopantes. Murmúrios furtivos que escandalizavam os paradigmas do estar. Do chegar ali. Naquela modorra tão avessa, tão líquida, tão espessa de vagas derramantes na trasfega dos egoísmos partilhados por um só ínfimo de algo que os desprendesse à razão oculta.

Finalmente, o tudo. O Amor precipitado na condensação condenada à sublimação das gotas escorridas pelo cansaço resgatado ao segredo. A fertilidade espalhada por cada um dos sentidos. Os sentidos perdidos por cada um dos medos. Os medos ganhos a cada um dos beijos. Os beijos anulados a cada milésimo, quase a cada segundo…

Numa réstia de madrugada…

Finalmente…

Um só corpo imóvel…arfava no chão gelado.