quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007


O
riso
emerge
da representação
imaginária desdobrando-se
no próprio sentido da percepção individual.

A sátira da vida contrasta com os valores apreendidos, instiga a reflexão, enraizando-os lúdicamente para que lhes possam extrair todo o significado visualizando novos caminhos que vos negam o senso. Usem!!! Abusem do sarcasmo ao vosso gosto, apresentem-no num prisma de opções pelas quais os vossos seguidores provem o seu sabor procurando a verdade. Esta é uma representação que não quer ser só uma adaptação do antigo, é o significado de tudo, é a preparação do presente com olhar no futuro, é um aviso para gerações vindouras na sua instituição dos códigos de valores. Sorriam! Mas lapidem o seu significado surreal pela soma dos momentos transcendentes que captaram, mesmo que alguns na cegueira possam apelidar-vos de alquimistas das fezes. Palavras gritadas após o término da peça de Angry Vildog, famoso dramaturgo, ao seu grupo de actores num espectaculo de beneficencia em Paradança, sua terra natal...
- Lindo... Lindo... Angry, belas frases Vil...dog... aghrrr... cof... cof! Vociferava exuberante e roucamente Lamule Russeau.
- Lamule, se não fosses tão estapafúrdio, certamente já tinhas sido promovido a encenador, vem cá! Vou curar-te isso com esta receita oriental. Ora bem, aqui diz para apontares o meristema apical, ou seja o bico do supositório para a cavidade recto-anal, fazendo pressão e forçando a entrada pressionando ainda mais, até sentires cócegas no pâncreas e espirrares três vezes seguidas em Mi menor. Afirmou Sophy Sup, resgatada do teatro central de Pequim pelo seu marido algarvio embarcado nos cruzeiros. Como cu*-autora de alguns trechos menos lubrificados da peça, proferia algumas directrizes medicinais ao mesmo tempo que retirava as indumentarias de Engrácia
- Atchum... Atchuimmm... Atchimmmmmmmmmm.
- Se continuares a treinar talvez atinjas o Nirvana, vá, vamos lá outra vez.... Mas vacuidade moço que o mar tá bravo ainda molhas as nalgas! Até parece que foi ontem que te peidaste violentamente.
- Não preciso de chegar ao "nevana" para ser encenador, só tenho de sair desta vila de loucos com saúde, não tenho de mendigar a um bissexual marinheiro e provinciano para me alinhar os olhos em bico. E não precisas de me perguntar se eu sei o que é mendicidade? Claro que sei, Men di cidade, "homem da cidade", dah!
- Cala-te ruminador de riquezas, tu, onde os dias roem os ânus. Outras que tens não usas! Cala-te e cura-te!
- Não desfazendo, minha chinezinha preferida... Mas a chaga é doce.
- Pois cala-te, quando abri o armário, veio assim um cheiro antropomorfo... Faz como o meu marido, fecha-o na gaveta da escolha certa!
- Chega de arestas linguísticas, chega de heresia manuseável, usem o sarcasmo como o sol vos usa, trespassem esses cumes e essas cristas navegando na poesia, vão até ao mar saltando em versos, em palavras que lavram terra! Saiam dessa existência, ouçam a música que atravessa privações, vivam a alegria, consumam amores selvagens, sacrifiquem-se pelo perdurar da vossa arte tão intensamente como a ignoraram até agora! Afirmou Angry interrompendo aquele desventrado bulício rectal.
A sala encheu-se de vazio no caminho iluminado pelo calcorrear da saída. Mesmo lá fora sentia-se o broar temporário das palavras até ao recomeçar. Os sinais das ervas moídas por pegadas desprovidas de vida eram evidentes, arbustos desviavam ramadas da insignificância esparsa. O pó ocre das passadas erráticas entranhava-se na pele e na roupa desfigurando a visão abafada pelo ruído humano da alarvidade tecida numa curta representação artística. E num sussurro imperceptível lançou novamente ao vento "em breve meu amor...em breve... irei chamar-te"
Entre o plácido caminho que silenciava o ruído e a ignorância, passavam esses vultos disformes absorvendo momentos. A exigência era dissimulada na mais profunda inércia perante os movimentos exteriores. Qualquer transeunte que penetrasse na seda urdida pela experiência que o tempo confere seria imediatamente sugado na energia excedente. O brilho que leva à loucura transformar-se-ia na delícia da sensatez. Daí caminhavam procurando restabelecer algo que nem sonhavam, cada vez mais perdidos. Quando voltarem atraídos no desconhecimento, sentindo-se mais fracos, questionarão o que fazem ali...
- Ó tu, que possuis um apetite a caminhar para o opíparo, chega aqui... não receies!
- Como?
- Espero-a desde a primeira vez! Algo terá de ser transmitido e recebido apesar da sua desconhecida surdez só permitir o olhar desatento.
- O quê? Pergunta ela.
- Não sei... Diga-me! Mas calmamente e seja clara.
- Nada lhe tenho a dizer! Responde confusa.
- Se nada tem a dizer siga o seu caminho, porque voltou aqui?
- Tive a sensação que tinha algo para me dizer!
- Nada tenho para lhe dizer! O que procura?
- Perdi-me do grupo que acompanhava.
- Todos se perdem quando passam aqui e nada dizem. Saia dessa vida de silêncio mudo, lembre-se que tem uma vida para contar, dê-lhe significado! Realce-lhe o brilho e a cor. Escreva-a com sangue não para que a leiam mas para que a decorem!
- Quem é você?
- Simplesmente alguém que a ouve muito bem mesmo que esteja na sua paz do silêncio.
- A tua arquitectura mental torna belo o feio, sublime o bonito e transcendente o mundano, já que consegues tanta coisa, será que não me conseguias endireitar os dentes? Ah, lá estão eles... apontando para o grupo ruidoso. Afastou-se sorrindo aridamente do meu desencanto, não seria a última vez.
Não pode ser! Fundia-se o pungente grito nas asas das gargalhadas erguendo-me acima do tudo. Novamente tinha mudado de corpo, novamente teria de nascer protegido pela juba do Leão que já fora, assente nas patas do camelo sulcando aquelas ardentes areias com um só destino, retirar o véu ao conhecimento sedento de atenta lisura, devassar o futuro sem receio do presente. Não pode ser mas é! Gritava no mais profundo frio da alma desmoronando areias seculares que se abriam em segredos ainda hoje desconhecidos pelos crentes ao tentar inventar o nada. Ali estava ela, a paixão, o segredo, a raiva ódio e ciúme, a traição de Deus pela erosão da verdade. Finas areias espalhadas em ondas geometricamente definidas em equações resolvidas. Descoberta pelo grito, recolhida pela razão mas escondida na inexistência da lógica. Observando aquele sublime vapor colorido que me entranhava a essência do ser explicando-me o porquê de toda a descrença, negação descontente de qualquer forma divina apresentada fora da sombra do interesse. Ali estava ela, orgulhosamente superada de virtudes transmitidas pelas paixões e espasmos desgarrados, músculo da sabedoria erguendo o ícone da esplendorosa beleza à sua esperança mais elevada. Nada mais existiria, todo o cortejo dos anos tinha sido imediatamente apagado transformando-se serenamente sem reservas naquela forma limite.
Regressou alguns minutos depois questionando-me:
- Que tenho para te oferecer, que te posso dar que ainda não tenhas tido?
- Simplesmente tu!
- E tu o que tens para me dizer, o que tens para me dar?
- Novamente te digo, nada tenho para te dizer nem para dar, tu és tudo e tudo tens!
- Pois digo que os meus olhos nunca viram um homem, nunca se encheram nem a metade com mais do que a imagem da populaça!
- É só isso que teria de ouvir de ti, não to poderia dizer soltando aos gumes do vento palavras vãs, é isso que procuras! Saberás reconhecê-lo na sua própria grandeza quando todos os teus desejos se afunilarem nos subornos do querer ver, quando o eco do teu querer mesmo após a tua morte for ainda mais escutado no outro mundo.
- Quem és tu? Tenho de perguntar novamente! Quem pensas que és para me transmitir palavras mais importantes e sábias de todas as que ouvi até agora?
- Alguém que te espera pelo mais alongado que a espera tiver, alguém que te receberá sempre jovem mesmo que percas ou renuncies à ávida capa que te conferem os traços e dons da juventude, alguém cujo calor te aquecerá mais do que mil homens friccionando-se no teu querer inconsciente de elogios previsivelmente vaidosos, alguém que te limpa do pudor amargo do pó sujo que respiras e que te revolve as emoções normais devolvendo-as ao verdadeiro voo da imaginação sedenta do sentir. Vem amanhecer da minha noite, onde a morte se finda e a vida se pausa, segue para o negro amanhã, logro do mais brilhante resplandecer gritante, neste vácuo do silêncio da minha existência outorgada em mesclas matizadas com inebriantes perfumes divinos.
- Não posso continuar aqui contigo!
- Eu sei e tu também sabes o que deves fazer.
Redimensionada a consciência reflectida numa única unidade, numa única conversa, que faria além de esperar? Qual o tamanho ilusório do sofrimento agora criado e sentido no depois? Só o tempo irá responder.
Não pode ser! De novo o grito, sentia tudo mais uma vez a transformar-se, da criança que sorria observando o tudo, erguia-se agora a única e majestosa figura possível, eu águia, «Et pluribus unum»... Gritou, distanciando-se de qualquer aproximação do algo mantendo no tudo, olhar imperial. Não pode ser! Quem sou afinal? Perguntava-me nas alturas fundindo com elas todo o conhecimento, revelando a verdade escondida. Pousada observava na sua magnificência trocando-lhe aleatoriamente os 5 ângulos absorvendo o até então invisível reflexo do único sol, Aton. Tudo havia que originava, sustinha e fazia circular vida como no local do sonho, pacientemente elaborado como profecia post eventum.
Menino nascido na areia aquecida no calor do pai Aton, meu menino. És rei!!! Terás esquecido que tal decisão foi sujeita a plebiscito e esmagadoramente reprovada?!? Despe os objectos ordinários da significância e neles descobrirás o sentido onde qualquer Engrácia se encherá de graça balançando na variação positiva do talento. A verdade que vês é aquilo que não consegues explicar a um cego. Vem anjo! Vem descobrir o sentido da existência despudorada e pungente, vem tanger o rasca através do peso das palavras que te procuram... Sequiosas. Vem juntar-te à tua sombra nesta incomensurável clareira de mitos, a sombra errática e vazia de percurso enquanto não a cobrires com a geometria da tua presença. Vem anjo menino. Rei nascido de árida rocha perdida à nascença e separada pelo sol e pelo vento em grãos de areia que se transformam em palavras, nessas palavras que formam frases... em frases que te dão vida... num texto.


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«Este post foi elaborado por BIGMAC através de uma colaboração de bloguistas onde DAMULARUSSA (Vacuidade, Mendicidade, Estapafúrdio, Antropomorfo, Opíparo) e OUTRO (Resplandecer, Mendicidade, Meristema, Plebiscito, Ontem), forneceram as palavras. IRRITADINHA ("Ora bem, aqui diz para apontares o meristema apical, ou seja o bico do supositório para a cavidade recto-anal, fazendo pressão e forçando a entrada pressionando ainda mais, até sentires cócegas no pâncreas e espirrares três vezes seguidas em Mi menor.", "Vacuidade moço que o mar tá bravo ainda molhas as nalgas!", "Vem amanhecer da minha noite, onde a morte se finda e a vida se pausa, segue para o negro amanhã logro de mais brilhante resplandecer gritante, neste vácuo do silêncio que a minha existência outorgada em mesclas matizadas com inebriantes perfumes divinos.", "Se eu sei o que é mendicidade? Claro que sei, Men di cidade, "homem da cidade", dah!", "A tua arquitectura mental torna belo o feio, sublime o bonito e transcendente o mundano, já que consegues tanta coisa, será que não me conseguias endireitar os dentes?") e RAFEIRO PERFUMADO ("Se não fosses tão espatafúrdio, certamente já tinhas sido promovido.", "E quando abri o armário, veio assim um cheiro a antropomorfo...", "Terás esquecido que tal decisão foi sujeita a plebiscito e esmagadoramente reprovada?!?", "Ó tu, que possuis um apetite a caminhar para o opíparo, chega aqui.", "Até parece que foi ontem que te peidaste violentamente."), constituíram as frases.

4 comentários:

Erecteu disse...

Seguindo as pistas deixadas lá vim dar a "outro".
O big texto já está na fonte comentado.
Fica repetido que se saiu em BIG

Fallen Angel disse...

Só para te deixar um grande abraço e votos de um excelente fim de semana...

Os parabéns endereçados são extensiveis a vocês todos. ;-)

Inha disse...

Parabéns a toda esta fabulosa equipa.
Para a semana já vos leio com mais atenção e aproveito para limpar o tasco. (tadinho, já não vê esfregona quase há um mês)lol

BeijInhas a todos e um excelente fim de semana.

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Anónimo disse...

Descontinuado??????????????




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beijo.




(Piano)